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sábado, 5 de março de 2011

O sofrimento do ator...


O último tango em paris exigiu que eu travasse comigo mesmo uma acirrada luta emocional, e quando ficou pronto eu decidi que nunca mais me destruiria emocionalmente para fazer um filme. Senti-me violentado na parte mais íntima do meu ser e não queria nunca mais sofrer assim. Como já observei,quando eu fazia papéis que exigiam sofrimento,eu tinha de sentir o sofrimento. Não é possível fingir isso. O ator precisa encontrar dentro de si alguma coisa capaz de fazê-lo sentir dor e manter aquele estado de espírito o dia inteiro, guardando o melhor para o grande primeiro plano sem desperdiçá-lo no plano médio ou geral, ou quando é filmado em primeiro plano. Precisa se torturar para entrar nesse estado, permanecer nele, repeti-lo tomada após tomada e ouvir uma hora depois que tem que fazer tudo de novo porque o diretor esqueceu alguma coisa.é um trabalho extremamente laborioso.O último tango em paris me deixou esgotado, talvez em parte porque eu fiz o que Bernardo me pediu e porque um pouco da dor que senti era a minha própria dor.Dali em diante resolvi ganhar a vida de um jeito menos devastador emocionalmente.Nos filmes seguintes parei de tentar sentir as emoções dos meus personagens como sempre fizera e simplesmente passei a representar o papel de um modo técnico.é menos doloroso e a platéia não percebe a diferença. Se uma história é bem escrita e a técnica do ator é adequada, o efeito continua o mesmo: numa sala escura a magia do cinema predomina e a platéia executa a maior parte da representação para o ator.

Marlon Brando

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